Um médico que denunciou a prática da Prevent Senior de prescrever remédios do chamado “kit Covid” para pacientes disse ter sido ameaçado e coagido pelo diretor-executivo da operadora de planos de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior.
Segundo um dossiê assinado por 15 médicos, profissionais eram coagidos a prescrever remédios como hidroxicloroquina sem consentimento de parentes dos pacientes e eram obrigados a trabalhar mesmo quando infectados com o coronavírus.
Além disso, o documento afirma que a Prevent teria omitido sete mortes durante um estudo clínico sobre a eficácia dos remédios.
Um dos médicos que realizou as denúncias gravou a conversa telefônica de uma ligação com Batista Júnior, após ter relatado irregularidades à imprensa, sob condição de anonimato.
A conversa telefônica se deu no dia 9 de abril deste ano, por volta das 8h. O denunciante afirma que a conversa se deu “em tom de intimidação”.
O áudio e os documentos sobre o caso foram obtidos pela Folha de S.Paulo e também estão entre os arquivos sigilosos da CPI da Covid. O profissional ainda registrou as ameaças em um boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo contra Batista Júnior.
O registro também foi anexado a um processo que o médico responde no Cremesp (Conselho Regional de Medicina), a pedido da Prevent Senior, por “vazamento de prontuários”, em seus depoimentos.
Em uma nota breve, a assessoria de imprensa da Prevent Senior afirmou que “o dr. Pedro Batista Júnior nega qualquer ameaça a colegas”. À PGR (Procuradoria-Geral da República) a empresa disse ser vítima de armação e pediu investigação do caso.
O médico, cujo nome será mantido em sigilo, teria denunciado que profissionais de hospitais da Prevent Senior eram obrigados a prescrever medicamentos do “kit Covid”, sob pena de serem até mesmo demitidos.
Ele próprio também relatou que foi obrigado a trabalhar em um plantão, mesmo estando infectado pelo novo coronavírus.