A Itaipu Binacional, uma hidrelétrica em Foz do Iguaçu, está enfrentando dificuldades este ano. De acordo com relatos do Sinefi (Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu) à Folha de São Paulo, o Paraguai bloqueou o orçamento da empresa para 2024 como forma de pressionar por um aumento na tarifa de energia elétrica.
Isso está causando problemas para os empregados, prestadores de serviços e fornecedores de ambos os lados, resultando em atrasos no pagamento dos salários. A situação está impactando 70 funcionários no Brasil, e todos os municípios de Mato Grosso do Sul recebem energia gerada por Itaipu. Além disso, a Itaipu tem projetos socioambientais ativos em 35 municípios do estado de MS.
Essa paralisação financeira é resultado de um impasse entre as diretorias e conselhos do Brasil e Paraguai sobre os preços de energia para o ano. Sem uma resolução, o Paraguai decidiu não proceder com medidas para definir o orçamento deste ano, impedindo a liberação de recursos para a usina.
Essa medida está sendo considerada pelos especialistas como uma forma de pressão paraguaia diante da revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que está sendo analisado pelos governos do Brasil e do Paraguai desde o final de 2023. Essa revisão abordará diferentes aspectos, incluindo questões financeiras da empresa.
Enquanto o Paraguai defende o aumento dos preços para a comercialização do excedente de energia, os órgãos nacionais garantem que não há intenção de lucro no projeto, que foi implantado para garantir a segurança energética em ambos os países.
Além disso, prefeitos de áreas afetadas pela construção da hidrelétrica estão aproveitando a revisão para reclamar que os prejuízos ao longo dos anos foram quatro vezes superiores aos pagamentos recebidos, considerando o alagamento de 1.350 quilômetros quadrados, que afetaram áreas de preservação e espaços produtivos.
Em 2023, a parte brasileira da Itaipu anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para projetos socioambientais, atendendo 399 municípios do Paraná e 35 de Mato Grosso do Sul.
Em dezembro do ano passado, o valor do Cuse (Custo Unitário do Serviço de Eletricidade) para 2024 foi aprovado provisoriamente em US$ 16 por kW. Pelo acordo bilateral entre o Brasil e Paraguai, os dois países dividem a energia produzida pela usina. Como o Paraguai não usa toda a sua parte, vende o excedente para o Brasil, tornando obrigatório que as distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste comprem essa energia.
Apesar das tensões, a produção da Itaipu atingiu 320,95 milhões de MWh em 18 de dezembro do ano passado, a produção mais alta desde 3 de fevereiro de 2021. Em 2022, a usina produziu 69,9 milhões de MWh. Em 2021, a produção foi de 66,4 milhões de MWh. Em 2020, foi de 76,4 milhões de MWh.
